Meditação no livro de Jó

ENGLISH          ESPAÑOL           FRANÇAIS

BÍBLIA ONLINE

Job10

Essa meditação será baseada no diálogo de Jó com seus três acusadores, no discurso de Eliú e, finalmente, na intervenção de Jeová Deus, o Pai Celestial, a fim de disciplinar Jó nas suas palavras. Os diálogos entre Jó e seus três acusadores, Elifaz, Bildade e Zofar, consistem em três partes (1 – Jó 3: 1 a 14:22; 2 – Jó 15:1 a 21:34; 3 – Jó 21:1 a 25:6 O último discurso de Jó, antes da intervenção de Eliú, está no Jó 21:1 a 31:40). Haverá alguns versículos bíblicos mencionados como destaques, com ou sem comentário.

O diálogo de Jó diante seus três acusadores

(Capítulos de trabalho 3 a 31)

Jó capítulo 3: a endecha de Jó: ele se arrepende de ter vindo à existência.

« Foi depois disso que Jó abriu a boca e começou a invocar o mal sobre o seu dia » (Jó 3: 1).

« Por que não passei a morrer desde a madre? Por que não saí do próprio ventre, expirando então? » (Jó 3:11).

« Por que dá ele luz ao varão vigoroso, cujo caminho está escondido, E a quem Deus cerca ao redor? » (Jó 3:23).

« Não estive despreocupado, nem tive sossego, Nem descansei, e ainda assim vem a agitação » (Jó 3:26).

Jó capítulos 4 e 5: a resposta de Elifaz, o primeiro acusador: ele questionou a integridade e a fidelidade de Jó a Deus. Segundo ele, seu grande infortúnio é a indicação da desaprovação de Deus.

« Se alguém experimentar uma palavra contigo, ficarás fatigado? Mas quem pode restringir as palavras? » (Jó 4:2). Com as primeiras palavras, Elifaz ofende Jó, sugerindo que ele não é paciente ao ouvir os outros.

« Não é a tua reverência a base da tua confiança? Não está a tua esperança na integridade dos teus caminhos? Lembra-te, por favor: Que inocente jamais pereceu? E onde é que os retos foram eliminados? » (Jó 4:6.7). Elifaz diz que nunca viu um homem inocente perecer em infortúnio (dando a entender que as desgraças de Jó são provas de sua culpa diante de Deus).

« Segundo o que vi, os que projetam o que é prejudicial E os que semeiam desgraça são os que a ceifarão » (Jó 4:8). Elifaz, diz que, por outro lado, sempre acontece « desgraça » com os iníquos (insinuando que Jó é responsável da sua situação) …

« E mesmo um espírito passou sobre a minha face; O pêlo da minha carne começou a eriçar-se » (Jó 4:12-16). Elifaz mostra a fonte diabólica da inspiração das suas palavras maliciosas. Ele é apenas o porta-voz de Satanás, o diabo, o espírito que o inspira, começando com duas declarações corretas, depois disfarçar ou torcendo seu significado. Aqui estão as duas afirmações justas: « O homem mortal — pode ele ser mais justo do que o próprio Deus? Ou pode o varão vigoroso ser mais puro do que Aquele que o fez? » (Jó 4:17). Depois, os sentidos  dessas verdades são torcidos:

« Eis que ele não tem fé nos seus servos, E a seus mensageiros acusa de defeito. Quanto mais com os que moram em casas de barro, Cujo alicerce está no pó! São esmigalhados mais depressa do que uma traça » (Jó 4:18,19). Elifaz, o porta-voz de Satanás, o diabo, diz que a justiça de Deus é tão alta e pura, que Ele nem sequer consente em confiar no homem, feito de pó e que só é bom para ser « esmigalhado » como uma « traça ». Uma insinuação adicional de que o homem de pó esmigalhado como uma traça, neste caso, é Jó.

Elifaz, o profeta do diabo, continua desta vez se referindo à morte de seus dez filhos e filhas: « Seus filhos permanecem longe da salvação E são esmigalhados no portão sem que alguém os livre » (Jó 5:4). Ele descreve a morte de seus dez filhos e filhas, como sendo o esmagamento dos filhos do iníquo, é uma ideia implícita da morte dos filhos de Jó…

Jó capítulos 6 e 7: em resposta às sérias de insinuações de Elifaz da infidelidade de Jó a Deus, ele simplesmente pede que diga quais são aquelas falhas: « Instruí-me, e eu, da minha parte, ficarei calado; E fazei-me entender que engano cometi » (Jó 6:24).

Jó tem uma consciência limpa diante de Deus, e mesmo que Jó possa cometer erros involuntários, por que Deus não o perdoaria? « Se pequei, que posso conseguir contra ti, o Observador da humanidade? Por que me tomaste por teu alvo, para que eu me tornasse uma carga para ti? E por que não me perdoas a transgressão E passas por alto o meu erro? Pois agora me deitarei no pó; E certamente estarás à minha procura, mas não existirei » (Jó 7:20.21).

Jó capítulo 8: Bildade, o segundo acusador do diabo, com suas primeiras palavras, assalta verbalmente a Jó: « Até quando enunciarás estas coisas, Visto que as declarações da tua boca são apenas um forte vento? » (Jó 8: 2).

Ele continua no mesmo tipo de insinuações diabólicas de Elifaz, do destino trágico dos dez filhos e filhas de Jó. Ele diz que a morte deles é o resultado do justo julgamento de Deus, devido às suas infidelidades e também a de Jó: « Perverteria o próprio Deus o juízo, Ou perverteria o próprio Todo-poderoso a justiça? Se os teus próprios filhos pecaram contra ele, De modo que ele os deixa cair na mão da sua revolta, Se tu mesmo estivesses à procura de Deus E do Todo-poderoso implorasses favor, Se fosses puro e reto, Ele já teria agora despertado para ti E certamente te restauraria teu justo lugar de permanência » (Jó 8:3-6).

Jó capítulos 9 e 10: Jó responde a Bildade dizendo que, se ele tivesse pensado num momento de pecar voluntariamente contra Deus, teria sido uma loucura da sua parte. Precisamente, o temor reverencial que ele sente por Deus o impede de ter um comportamento pecaminoso: « De fato, sei que é assim. Mas como pode o homem mortal ter razão num caso com Deus? Caso se agrade em contender com ele, Não lhe poderá responder uma vez em mil. Ele é sábio de coração e forte em poder. Quem pode ser obstinado com ele e sair ileso? » (Jó 9:2-4).

Jó capítulo 11: Zofar, o terceiro acusador, censura a Jó por se vangloriar de ser fiel a Deus e de não levar em consideração as repreensões de Elifaz e Bildade. Tem palavras desprezíveis, falando das respostas de Jó aos seus dois primeiros acusadores e acerca da sua sabedoria. Como seus dois companheiros, ele o acusa de ser infiel a Deus: « Ficará a multidão de palavras sem resposta, Ou terá razão o mero bazofiador? Acaso teu palavrório oco fará os homens calar-se, E continuarás a caçoar sem que alguém te reprove? Também, dizes: ‘Meu ensinamento é puro E mostrei ser realmente limpo aos teus olhos.’ No entanto, se tão-somente o próprio Deus falasse E abrisse seus lábios para contigo! Então te comunicaria os segredos da sabedoria, Porque são múltiplas as coisas da sabedoria prática. Também saberias que Deus permite que seja esquecida parte do teu erro. Acaso podes descobrir as coisas profundas de Deus, Ou podes descobrir o próprio limite do Todo-poderoso? » (Jó 11: 2-7, ver também versículo 20).

Jó capítulo 12 a 14: Jó é indignado: « De fato, vós sois o povo, E a sabedoria morrerá convosco! » (Jó 12:2). Ele não permite ser abalado pelas falsas acusações contra ele e também contra a memória de seus dez filhos e filhas falecidos: « Também eu tenho um coração igual a vós. Não sou inferior a vós, E com quem não há coisas como estas? Torno-me [alguém que é] alvo de riso para o seu próximo, Invocando a Deus para que lhe responda. O justo, o inculpável, é alvo de riso » (Jó 12:3,4).

Jó capítulo 15: Elifaz, longe de responder às ideias de Jó, zomba de suas palavras: « Será que uma pessoa sábia responderia com argumentos vazios, Ou encheria seu ventre com o vento leste? » (Jó 15:2). E quando ele o acusa de infidelidade em relação a Deus, até de apostasia, ele não dá evidências ou exemplo para apoiar a suas acusações: « Pois você enfraquece o temor de Deus E menospreza a devoção a Deus. Pois o seu pecado determina o que você fala, E você escolhe palavras astutas.  Sua própria boca o condena, não eu; Seus próprios lábios testemunham contra você » (Jó 15:4-6).

Elifaz repete a ideia que ele expressou no começo, Deus não confia em suas criaturas, até mesmo nos seus anjos. Ele vai ainda mais longe, desta vez falando do lugar celestial da moradia de Deus: « Veja! Ele não confia nos seus santos, E nem mesmo os céus são puros aos seus olhos. Quanto menos alguém que é detestável e corrupto, Um homem que bebe injustiça como água! » (Jó 15:15,16). Obviamente, que Elifaz está errado, Deus tem confiança nas suas criaturas fiéis, sejam celestiais ou terrestres. Além disso, como ele poderia viver nos céus que não consideraria puro, quando for Santo? Elifaz diz que, em contraste, para melhor esmagar Jó, sugere que, aos olhos de Deus, ele só pode ser impuro, miserável e lamentável…

Jó capítulo 16 e 17: Jó responde que as palavras dos três acusadores não estão de maneira alguma a consolar. Diz o mesmo acerca às palavras de Elifaz, que são apenas vento: « Já ouvi muitas coisas como essas. Em vez de darem consolo, vocês afligem ainda mais! Será que essas palavras vazias não terão fim? O que leva você a falar assim? » (Jó 16:2,3). Ele responde que, se Elifaz e seus outros dois acusadores estivessem em seu lugar, ele não teria falado desta maneira. Ao contrário, ele teria falado com palavras consoladoras: « Eu também poderia falar como vocês. Se estivessem no meu lugar, Eu poderia fazer belos discursos contra vocês E balançar a cabeça contra vocês. Mas, em vez de fazer isso, eu os fortaleceria com as palavras da minha boca, E o consolo dos meus lábios traria alívio » (Jó 16:4,5). Jó diz mais uma vez que ele tem uma consciência limpa diante de Deus, e que ele tem confiança na sua justiça: « Agora mesmo minha testemunha está nos céus; Aquele que pode testemunhar a meu favor está nas alturas » (Jó 16:19). Pode-se notar, Jó acusa seus três falsos amigos de praticar a inversão acusatória, quando deveriam consolá-lo, estando a morrer de sua doença: « Eles transformam a noite em dia, Dizendo: ‘A luz deve estar perto, porque está escuro.’ Se eu esperar, a Sepultura será a minha casa; Estenderei minha cama na escuridão. Direi à cova: ‘Você é meu pai!’ E às larvas: ‘Minha mãe e minha irmã!’ Então, onde está a minha esperança? Será que alguém vê esperança para mim? » (Jó 17:12-15).

Jó capítulo 18: Bildade está furioso, devido a resposta de Jó (capítulos 16 e 17) e diz que o julgamento de Deus contra Jó, como iníquo, não demorará muito para cair sobre ele e que ele se encontrará sem posteridade: « Até quando você vai continuar falando essas coisas? Mostre algum entendimento, e depois conversamos. Por que devíamos ser vistos como animais E considerados tolos aos seus olhos? Mesmo que você se dilacere na sua ira, Será que a terra vai ser abandonada por sua causa, Ou as rochas vão mudar de lugar? A luz de quem é mau será apagada, E a chama do seu fogo deixará de brilhar » (Jó 18:2-5).

Jó capítulo 19: Jó responde, denunciando a crueldade de suas palavras que a esmagam: « Até quando vocês ficarão me irritando, Esmagando-me com palavras? » (Jó 19:2). Jó está ciente de sua integridade diante de Deus e ele sabe que, no devido tempo, ele o salvará: « Pois sei que meu redentor está vivo; Ele virá depois e se levantará sobre a terra. Depois de minha pele ter sido consumida, Mesmo assim, ainda neste meu corpo, verei a Deus » (Jó 19:25,26).

Jó capítulo 20: A resposta de Zophar é semelhante à resposta de Bildade, expressando sua irritação, insultando a Jó e repetindo que ele passará pelo julgamento dos iníquos (capítulo 20): « A repreensão que ouvi é um insulto para mim; E meu entendimento me leva a responder. Com certeza você sempre soube disto, Pois tem sido assim desde que o homem foi posto na terra, Que o grito de alegria de quem é mau é passageiro, E que a alegria do ímpio dura apenas um instante » (Jó 20:3-5).

Jó capítulo 21: na resposta de Jó, diz que é o contrário que ocorre, o iníquo prospera na sua maldade, e o justo sofre por causa de sua justiça: « Um homem morre em pleno vigor, Quando está completamente despreocupado e tranquilo, Quando as suas coxas estão gordas, E os seus ossos estão fortes. Mas outro morre cheio de amargura, Sem nunca ter experimentado coisas boas » (Jó 21:23-25; compare com Eclesiastes 7:15 e 8:14).

Jó capítulo 22: Elifaz diz que Deus é indiferente à justa conduta de suas criaturas (o que é falso): « Pode um homem ser útil para Deus? Pode alguém com perspicácia ser de algum proveito para ele? Será que o Todo-Poderoso se importa que você seja justo, Ou será que ele ganha alguma coisa por você ser íntegro? » (Jó 22:2,3). Em suas acusações de maldade contra Jó, ele o acusa de extorsão de todos os tipos, inclusive contra aqueles que não têm nada. Ele o acusa de não ter ajudado os pobres: « Não é porque sua maldade é muito grande E não há fim dos seus erros? Pois você exige uma garantia dos seus irmãos sem nenhum motivo, E fica com a roupa de outros, deixando-os nus. Não dá água ao cansado E nega pão ao faminto » (Jó 22:5-7). E é por causa dessa maldade, que está nessa situação dramática: « É por isso que você está cercado de armadilhas, E terrores repentinos o assustam; É por isso que a escuridão não o deixa ver, E uma enxurrada o cobre » (Jó 22:10,11). Obviamente, todas essas acusações de Elifaz escritas no capítulo 22, são falsas.

Jó capítulos 23 e 24: Jó reitera que ele tem uma consciência limpa diante de Deus, e ele espera que Deus o ouça. Ele repete a ideia de que os iníquos prosperam em sua maldade, mas que, no devido tempo, prestarão contas diante de Deus. Pela última frase no capítulo 24, Job mostra que ele não permite ser abalado pelas mentiras dos três acusadores do diabo: « Então quem pode provar que sou um mentiroso Ou contestar as minhas palavras? » (Jó 24:25).

Jó capítulo 25: Bildade diz que Deus tem tão altos critérios de pureza, que nem sua criação os cumpre, muito menos um homem mortal (aludindo a Jó que diz que tem uma conduta limpa (ou pura) diante de Deus). É óbvio que o argumento de Bildade é completamente absurdo. Como Deus poderia ter criado algo que não teria cumprido seus critérios de pureza ou perfeição? « Nem mesmo a lua tem brilho, E as estrelas não são puras aos seus olhos, Quanto menos, então, o homem mortal, que é uma larva, E o filho do homem, que é um verme! » (Jó 25:5,6). Podemos observar as duas expressões ofensivas para humanos, as de tratá-la com larva e verme. Essa declaração é simplesmente a assinatura de Satanás, o diabo, que, na verdade não gosta da raça humana, particularmente aqueles que permanecem íntegros em relação a Deus, de acordo com os princípios bíblicos, como o seu fiel servo Jó.

Jó capítulos 26 a 31: o último discurso de Jó: ele faz uma escárnio da resposta de Bildade e, mais geralmente, dos outros acusadores: « Como você ajudou aquele que não tem poder! Como você salvou o braço que não tem força! Que excelente conselho você deu àquele que não tem sabedoria! Quão plenamente você revelou sua sabedoria prática! » (Jó 26:2,3).

Jó sofria duma doença mortal, ele estava morrendo, ele e sua esposa haviam perdido os seus dez filhos e filhas. No entanto, em vez de consolar á Jó, eles o insultaram, questionaram sua integridade, sugerindo até mesmo que a morte de seus dez filhos e filhas era o julgamento de Deus contra os filhos dos iníquos. Há uma declaração que Jó fez que resume seu apego a Deus e aos seus princípios : « Eu nunca os declararia justos! Até eu morrer não renunciarei à minha integridade! » (Jó 27:5).

Em conclusão desta primeira parte, que fecha o diálogo entre Jó e os três acusadores, há uma declaração de Jesus escrita muito mais tarde, a respeito de seus discípulos: « Eu os envio como ovelhas no meio de lobos » (Mateus 10:16). O fiel servo, Jó, era como uma ovelha ferida, prestes a morrer, triturada verbalmente por três lobos humanos vorazes, num espírito de matilha e de maldade absoluta. Esses três homens diabólicos se disfarçaram de amigos que vinham para consolá-lo, mas, em vez disso, agiram como lobos humanos vorazes: « Tomem cuidado com os falsos profetas, que se chegam a vocês em pele de ovelha, mas que por dentro são lobos vorazes » (Mateus 7:15). É pelo fruto de suas más palavras, insultos repetidos, acusações falsas, insinuações dolorosas que suas máscaras caíram, revelando o rosto do diabo que falava através desses três homens: « Pelos seus frutos vocês os reconhecerão. Será que se colhem uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Do mesmo modo, toda árvore boa produz fruto bom, mas toda árvore ruim produz fruto imprestável. A árvore boa não pode dar fruto imprestável, nem pode a árvore ruim produzir fruto bom. Toda árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada no fogo » (Mateus 7:16-19).

Deus condenou seus maus comportamentos: « Depois de Jeová ter falado essas palavras a Jó, Jeová disse a Elifaz, o temanita: “Minha ira está acesa contra você e contra seus dois amigos, pois vocês não falaram a verdade a meu respeito, assim como fez o meu servo Jó. (…). E o meu servo Jó orará por vocês. Eu certamente atenderei ao pedido dele, de não lidar com vocês de acordo com a sua tolice, pois não falaram a verdade a meu respeito, assim como fez o meu servo Jó » (Jó 42:7,8).

Eliú repreende Jó e os três acusadores por dizerem coisas imprecisas sobre Deus

(Jó capítulos 32 a 37)

Alguns escreveram que Eliú era jovem. No entanto, dependendo do contexto do livro de Jó, esse não é necessariamente o caso. É óbvio que era muito menos idoso do que os quatro interlocutores, que eram Jó e os outros três. Por exemplo, no Jó 42:10, está escrito que Jeová deu a Jó, o dobro do que havia perdido. E, em Jó 42:16, está escrito que Jeová lhe acrescentou 140 anos de mais vida. Ao examinar, essas duas informações, deduz-se que Jó e seus três interlocutores tinham mais de 100 anos. Portanto, Eliú, sendo menos idosos que eles, poderia ter cinquenta anos, até sessenta ou mais. Ao examinar cuidadosamente o discurso de Eliú, entendemos que ele não tinha somente uma grande sabedoria, mas também uma grande capacidade de escutar e entender. Os argumentos de Eliú, que eram certos, excederam a sabedoria e a percepção, dos três interlocutores de Jó que o acusaram falsamente de apostásia. Não conseguiram atingir a sabedoria de Eliú para entender todas as palavras Jó que, por algumas, tinham que ser corrigidas.

Alguns escreveram que foi Deus quem deu essa sabedoria a Eliú; certamente. No entanto, quando Deus dá sabedoria a alguém, geralmente, se baseia numa experiência espiritual (Jó 32:7). Deus garante que o conhecimento de seus princípios, com uma experiência de vida, sejam sublimados pela sabedoria de Deus (Provérbios 2:1-9). Por exemplo, Jesus Cristo mostrou que o Espírito Santo permitiria que seus discípulos se lembrassem de certos pontos de seus ensinamentos: « Mas o ajudador, o espírito santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinará todas as coisas a vocês e os fará lembrar de todas as coisas que eu lhes disse » (João 14:26). Tudo isso para dizer que Eliú estava longe de ser um jovem recém-saído da adolescência, mas um adulto que teve uma sólida experiência de vida e uma sabedoria, o que podia-se ver na sua maneira de se expressar. O fato de pôr-se de lado dos quatro patriarcas muito mais velhos do que ele, e esperar até o fim que todos terminaram seus discursos, fazia parte dum código de conduta completamente normal naquele momento, devido à grande diferença de idade (ver Levítico 19:32).

A indignação de Eliú é contra Jó e seus três interlocutores, ele sugere que, ouvindo-os, que teve problemas para se dominar, pela abundância de palavras (ou contra argumentos) que vieram à mente: « Mas Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão, tinha ficado muito irado. Sua ira se acendeu contra Jó, porque ele tentou provar que ele tinha razão, e não Deus. Ele também ficou muito irado com os três amigos de Jó, porque não conseguiram achar uma resposta, mas haviam declarado que Deus era culpado » (Jó 32:2,3 ; « Pois tenho muitas palavras para dizer; O espírito dentro de mim me obriga a falar » (Jó 32:18)). Eliú repreende Jó  com bondade, mas também com firmeza, dizendo que ele não tinha sabedoria e perspicácia, em suas palavras: « Jó fala sem conhecimento, E suas palavras não demonstram entendimento » (Jó 34:35).

Eliú repreende Jó em vários pontos que nem todos serão mencionados. Ele o censura por ser mais preocupado em se justificar, em vez de Deus: « Mas você disse aos meus ouvidos e ouvi o som de suas palavras: ‘Mas eu ouvi você dizer, Sim, eu ouvi muitas vezes estas palavras: Sou puro, não cometi transgressão; Estou limpo, não cometi erro. Mas Deus acha motivos para se opor a mim; Ele me considera seu inimigo. Ele põe os meus pés no tronco; Inspeciona todos os meus caminhos » (Jó 33:8-11). Aqui está uma declaração de Jó, proclamando sua própria justiça: « Eu vestia a justiça como minha roupa; Minha retidão era como uma túnica e um turbante » (Jó 29:14). Por outro lado, por ignorância da situação celestial, conforme descrita nos capítulos 1 e 2, ele pensava que Deus lhe mandava os infortúnios, em troca da sua justiça: « Por que escondes a tua face E me consideras teu inimigo? » (Jó 13:24). Segundo esse ponto de vista, fica claro, que considera que a integridade não é vantajosa.

Por exemplo, Eliú repreende Jó acerca duma declaração que sugere que permanecer integro a Deus, não é vantajoso: « Pois ele disse: ‘O homem não ganha nada Em tentar agradar a Deus.’ Por isso escutem-me, homens de entendimento: O verdadeiro Deus jamais faria o que é mau, O Todo-Poderoso nunca faria o que é errado! Pois ele recompensará o homem conforme as suas ações E trará sobre ele as consequências dos seus caminhos » (Jó 34:9-11); a declaração anterior de Jó: « Não há diferença. É por isso que eu digo: ‘Ele destrói tanto os inocentes como os maus’ » (Jó 9:22). Séculos depois, o rei Salomão expressou uma idéia semelhante: « Porque nem o sábio nem o tolo serão lembrados para sempre. Nos dias futuros, todos terão sido esquecidos. E como morrerá o sábio? Assim como o tolo » (Eclesiastes 2:16). Este texto mostra que não é Deus quem mata o sábio com o estúpido, mas é o resultado da condição humana que herdou o pecado de Adão (Romanos 5:12). O erro nas palavras de Jó é que ele deixa entender que é Deus quem causa a morte dos justos com os iníquos. Eliú retifica esse erro de Jó, mostrando que Deus vai inevitavelmente julgar a maneira de agir dos justos e dos injustos. Deus não é de forma alguma indiferente ao comportamento dos seres humanos.

Jeová disciplina Jó devido às suas declarações erradas

(Jó capítulo 38 a 42)

Os dois pontos principais da disciplina de Deus são os seguintes: a falta de conhecimento e perspicácia de Jó, mas também a sua falta de modéstia, em comparação à sua preocupação de se justificar, em vez de Deus. Então, Jeová Deus, com uma série de perguntas retóricas, o faz pensar na sua falta de discernimento, mas também em sua pequenez em comparação à grandeza e o poder de sua criação. Aqui estão algumas passagens escolhidas:

« Quem é este que está obscurecendo os meus propósitos E falando sem conhecimento? Por favor, prepare-se como um homem; Eu lhe farei perguntas, e você me informará. Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se você acha que tem entendimento. Quem estabeleceu as medidas dela, caso você saiba, Ou quem estendeu sobre ela uma corda de medir? » (Jó 38:2-5). Jeová Deus contrasta a breve existência de Jó com o fato que nem podia estar presente no início da criação.

Deus enfatiza a ignorância de Jó com o fato do que ele não pode dominar os fenômenos naturais, seja celestiais ou terrestres e em relação com o reino animal: « As águas são cobertas como que com pedra, E a superfície das águas profundas se congela. Será que você pode atar as cordas da constelação de Quima, Ou desatar as cordas da constelação de Quesil? Você pode fazer sair uma constelação na sua estação, Ou guiar a constelação de Ás com seus filhos? Por acaso você conhece as leis que governam os céus, Ou pode impor a autoridade delas sobre a terra? Será que você pode erguer a sua voz até as nuvens, Para fazer com que um aguaceiro o cubra? Por acaso você pode enviar raios? Será que eles vêm e lhe dizem: ‘Aqui estamos!’? Quem pôs sabedoria nas nuvens, Ou deu entendimento aos fenômenos celestes?  Quem tem sabedoria para contar as nuvens, Ou quem pode despejar os jarros de água do céu, De modo que o pó se transforma em lama E os torrões de terra grudam um no outro? Será que você pode caçar a presa para o leão Ou satisfazer o apetite dos leões novos, Quando se agacham nos esconderijos Ou ficam de emboscada nas tocas? Quem dá alimento ao corvo Quando seus filhotes clamam a Deus por ajuda E vagueiam por não ter nada para comer? » (Jó 38:30-41).

Deus mostra que Jó (e o homem em geral) não têm uma grande força física que dominaria alguns animais selvagens muito poderosos. Ele seria incapaz de conduzi-los dum lugar para outro, como o touro selvagem, o Beemote (o hipopótamo) e o Leviatã (o crocodilo): (o touro selvagem) « Será que o touro selvagem vai querer servir a você? Será que ele vai passar a noite no seu estábulo? Por acaso você pode prender o touro selvagem ao arado com uma corda, Ou será que ele seguirá você a fim de arar o vale? Você confiará na grande força dele E deixará que ele faça o trabalho pesado para você? Por acaso você contará com ele para que traga a sua colheita E a ajunte à sua eira? » (Jó 39:9-12). (Beemote (o hipopótamo)) « Veja o Beemote, que eu fiz assim como fiz você. Ele come capim como o touro. Veja a força das suas ancas E o poder dos músculos da sua barriga!  Ele endurece a cauda como um cedro; Os tendões das suas coxas estão entrelaçados. Seus ossos são como tubos de cobre; Seus membros são como barras de ferro forjado. Ele ocupa o primeiro lugar entre as obras de Deus; Apenas Aquele que o fez pode se aproximar dele com uma espada » (Jó 40:15-19). (Leviatã (o crocodilo)) « Por acaso você pode pegar o Leviatã com um anzol Ou amarrar a língua dele com uma corda? Pode passar uma corda pelas suas narinas Ou furar suas mandíbulas com um gancho? Será que ele fará muitas súplicas a você, Ou lhe falará com ternura? Fará um pacto com você Para que você o torne seu escravo por toda a vida? Será que você brincará com ele como se fosse um pássaro Ou o prenderá com uma coleira para as suas filhas? » (Jó 41:1-5).

Obviamente, Jó se arrepende diante de Deus devido aos seus comentários errados: « Agora sei que és capaz de fazer todas as coisas E que nada que tens em mente é impossível para ti. Tu disseste: ‘Quem é este que está obscurecendo os meus propósitos sem ter conhecimento?’ É verdade, eu falei sem entendimento Sobre coisas maravilhosas demais para mim, que eu não conheço. Tu disseste: ‘Ouça, por favor, e eu falarei. Eu lhe farei perguntas, e você me informará.’ Ouvi falar a teu respeito, Mas agora te vejo com os meus próprios olhos. É por isso que retiro o que eu disse, E me arrependo em pó e cinzas » (Jó 42:2-6).

Depois de repreender muito severamente os três acusadores de Jó, Jeová Deus libertou Jó da sua condição cativa, criada por Satanás, o diabo:

“Depois de Jeová ter falado essas palavras a Jó, Jeová disse a Elifaz, o temanita:

“Minha ira está acesa contra você e contra seus dois amigos, pois vocês não falaram a verdade a meu respeito, assim como fez o meu servo Jó. 8 Agora peguem sete novilhos e sete carneiros, vão ao meu servo Jó e ofereçam um sacrifício queimado a favor de si mesmos. E o meu servo Jó orará por vocês. Eu certamente atenderei ao pedido dele, de não lidar com vocês de acordo com a sua tolice, pois não falaram a verdade a meu respeito, assim como fez o meu servo Jó.”

9 Então Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, foram e fizeram o que Jeová lhes tinha ordenado. E Jeová ouviu a oração de Jó.

10 Depois de Jó ter orado pelos seus amigos, Jeová acabou com a tribulação de Jó e restaurou a sua prosperidade. Jeová lhe deu o dobro de tudo o que ele tinha antes. 11 Todos os seus irmãos e suas irmãs, e todos os seus antigos amigos foram visitá-lo e tomaram uma refeição com ele na sua casa. Eles se compadeceram dele e o consolaram por causa de toda a calamidade que Jeová tinha deixado vir sobre ele. Cada um lhe deu uma peça de dinheiro e uma argola de ouro.

12 Assim, Jeová abençoou a última parte da vida de Jó mais do que a primeira, e Jó veio a ter 14.000 ovelhas, 6.000 camelos, 1.000 juntas de bois e 1.000 jumentas. 13 Ele também teve mais sete filhos e mais três filhas. 14 Ele chamou a primeira filha de Jemima, a segunda de Quezia, e a terceira de Querém-Hapuque. 15 Em todo o país não havia mulheres tão lindas como as filhas de Jó; e o pai delas lhes deu uma herança junto com os seus irmãos.

16 Depois disso, Jó viveu 140 anos, e viu seus filhos e seus netos, até a quarta geração. 17 Por fim, Jó morreu, depois de uma vida longa e satisfatória” (Jó 42:7-17).

A misericórdia de Deus e o sofrimento da esposa de Jó

A definição da misericórdia é compaixão em ação. Muitas vezes, a misericórdia é associada a uma decisão judicial que perdoa o culpado devido a circunstâncias atenuantes: « A misericórdia triunfa sobre o julgamento » (Tiago 2:13).

Quando lemos o livro de Jó, particularmente os relatos dos desastres que lhe ocorreram, descritos nos capítulos 1 e 2, estamos impressionados e, com razão, dos sofrimentos que ele teve que passar. No entanto, muitas vezes, há uma pessoa que é esquecida e que sofreu as mesmas provações, menos a doença mortal de Jó, é sua esposa. De fato, além de ter perdido toda a sua propriedade, com Jó seu marido, ela sofreu o sofrimento que todas as mães mais temem no mundo, quer dizer, perder um filho (ou uma filha). No entanto, a esposa de Jó não perdeu um filho, mas perdeu dez filhos (e filhas) num instante (Jó 1:18,19). É provável que a dor emocional da esposa de Jó, dessa mãe, que havia perdido, num instante, suas filhas e seus filhos, tinha caído, num momento, numa loucura a mais completa. No livro dos Eclesiastes, está escrito: « Mas a opressão pode levar o sábio à loucura » (Eclesiasstes 7:7). Se Jó a havia escolhido com esposa, é que certamente era uma mulher de grande sabedoria.

Mas agora, aqui está o que está escrito no livro de Jó: « Por fim, sua esposa lhe disse: “Você ainda se apega à sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra!” » (Jó 2:9). Jó, o marido, respondeu que ela falava como uma mulher insensata: « Mas ele lhe respondeu: “Você está falando como uma mulher insensata. Devemos aceitar apenas o que é bom da parte do verdadeiro Deus e não aceitar também o que é mau?” Em tudo isso, Jó não pecou com os seus lábios » (2:10). Podemos observar que Jó incluía a sua esposa, quando ele falava dos infortúnios (devemos), o que demonstra que ele reconhecia que ela era sua companheira nessa grande desgraça.

A conclusão do livro de Jó, nos mostra, certamente de maneira indireta, a misericórdia de Deus em relação à mulher de Jó, que falou, num momento, como uma mulher insensata. Na mesma conclusão, lemos que Deus foi indignado pelas afirmações diabólicas dos três acusadores do diabo, Elifaz, Bildade e Zophar. Não há menção do que Deus poderia ter dito sobre as palavras insensatas da mulher de Jó. É possível que ele tenha considerado vários fatores que o levaram a perdoar à mulher de Jó: a intensa dor emocional que a levou a uma loucura momentânea. Talvez Deus considerou que a repreensão do marido, fora suficiente, com mais tarde a necessidade absoluta para a esposa de Jó, de pedir perdão a Deus, por sua ofensa grave. A história mostra que Deus mostrou grande misericórdia para a esposa de Jó, dando dez filhos e filhas adicionais. Obviamente, que eles não substituíram os dez primeiros que pereceram, no entanto, é provável que ela tenha encontrado um certo consolo. O relato menciona que Jó foi abençoado pelo dobro. Na época da ressurreição, não serão dez, mas vinte filhos e filhas que eles receberão (o dobro) (Atos 24:15). No entanto, o pecado da mulher de Jó era sério o suficiente para que ele fosse mencionado na Bíblia, não apenas para enfatizar a gravidade, mas também que Deus é misericordioso mesmo para aqueles que o oferecem diretamente: « E mostrarei favor a quem eu mostrar favor, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia » (Êxodo 33:19).

*** 

Por que Deus Permitiu o Sofrimento e a Maldade?

Ler e Entender a Bíblia (Salmos 1:2, 3)

Índice do site http://yomelias.fr/ (42 artigos de estudos bíblicos)

Ao ler a Bíblia diariamente, este índice contém artigos bíblicos informativos (clique no link acima para visualizá-lo)…

Bible Articles Language Menu

Lista (em inglês) de mais de setenta idiomas, com seis artigos bíblicos importantes, escritos em cada um desses idiomas…

***

X.COM (Twitter)

FACEBOOK

FACEBOOK BLOG

MEDIUM BLOG

Commentaires

Laisser un commentaire

Votre adresse e-mail ne sera pas publiée. Les champs obligatoires sont indiqués avec *

Compteur de visites gratuit